A Agência Europeia de Segurança Marítima e a Agência Ambiental Europeia publicaram a segunda edição do Relatório Ambiental Europeu sobre Transporte Marítimo. O relatório apresenta uma análise do impacto ambiental do transporte marítimo na UE, com dados relativos à poluição, ruído subaquático, impacto na biodiversidade e lixo marinho.
Impacto económico
• A grande maioria das importações e exportações comercializadas pela UE são transportadas por via marítima. Em 2021, este valor correspondia a 74% do comércio total da UE
• O valor acrescentado bruto (VAB) gerado pelo setor do transporte marítimo ascendeu a 44,3 mil milhões de euros em 2021, o que representa um aumento de 42% face a 2020
• As atividades portuárias geraram um VAB de 29,5 mil milhões de euros
• A UE é responsável por 17,6% do total da frota comercial mundial em tonelagem bruta
Emissões de gases com efeito de estufa e poluição atmosférica
- As emissões de CO₂ provenientes do transporte marítimo têm vindo a aumentar anualmente, correspondendo, em 2022, a 137,5 milhões de toneladas
- As emissões de metano (CH₄) do setor pelo menos duplicaram entre 2018 e 2023
- O setor marítimo emite cerca de 15% dos gases fluorados da UE, com impactos nocivos para a camada de ozono. Tal pode resultar de uma elevada fuga de sistemas de refrigeração e ar condicionado a bordo
- Os corredores verdes estão a incentivar a colaboração e a inovação tecnológica para acelerar a adoção de rotas marítimas de emissão zero
- As medidas operacionais também podem reduzir significativamente as emissões (redução de velocidade de navegação lenta, otimização de escalas e, monitorização e manutenção do casco)
Emissões de CO₂ do transporte marítimo entre 1990 e 2022 (Mt de CO₂ Eq)

Fonte: Relatório Ambiental Europeu sobre o Transporte Marítimo 2025, EMSA & EEA
Consumo de combustível e soluções tecnológicas
- Desde 2020, tem-se verificado uma diminuição do uso de fuelóleo pesado (HFO) e um aumento de fuelóleo leve (LFO). Isto pode ser explicado pelo limite global de enxofre estabelecido em 2020 e pela proibição de transportar HFO sem tecnologias de redução a bordo
- A utilização de baterias nos navios está a aumentar e prevê-se que esta tendência duplique nos próximos anos
- As ligações de energia terrestre (OPS) foram implementadas por, pelo menos, 44 portos da UE, existindo 352 atracadouros com instalações de fornecimento de energia da costa para o navio. No entanto, apenas um número limitado de navios possui o equipamento necessário para se ligar ao OPS de alta tensão
- O número de navios que utilizam metanol, propulsão eólica e hidrogénio é ainda baixo, mas está a aumentar
Consumos de combustível da frota da EU entre 2018 e 2022 (Kt)

Fonte: Relatório Ambiental Europeu sobre o Transporte Marítimo 2025, EMSA & EEA
Perspetivas futuras
- Prevê-se um aumento na utilização de biocombustíveis, metanol, baterias e outros sistemas de energia eléctrica na próxima década
- Os biocombustíveis podem ser adotados rapidamente, devido à compatibilidade do motor e da infraestrutura
- No entanto, existem alguns desafios relacionados com a competição e a segurança da biomassa
- Os biocombustíveis podem ser adotados rapidamente, devido à compatibilidade do motor e da infraestrutura
- O hidrogénio, o amoníaco e os combustíveis sintéticos são soluções promissoras, mas apresentam desafios imediatos de produção, escalabilidade, armazenamento, distribuição, custo e segurança
- A produção de amoníaco verde necessita de um aumento de 3 a 4 vezes para satisfazer a procura prevista
- A capacidade projetada do eletrolisador até 2030 poderá fornecer combustíveis de hidrogénio a 13-19% da frota global se houver produção suficiente de eletricidade renovável e aumentos de capacidade
- A produção de amoníaco verde necessita de um aumento de 3 a 4 vezes para satisfazer a procura prevista
- As tecnologias de propulsão eólica demonstraram poupanças anuais de combustível entre 5% e 9% para determinados navios e até 30% em projetos-piloto